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A história da infância tem sido um tema de interesse da história social desde o influente livro A Criança e a Vida Familiar no Antigo Regime, publicado pelo historiador francês Philippe Ariès em 1960 e considerado inaugural nesse campo da historiografia.
Ariès argumentou que "infância" como um conceito foi criado pela sociedade moderna, baseando-se em pinturas, tumbas, móveis e boletins escolares do século XVII que representavam as crianças como mini-adultos. Essa tese particular, cuja influência foi alcunhada de "efeito Ariès", foi amplamente refutada e é pouco aceita na historiografia contemporânea. No entanto, é inconteste pela maioria dos historiadores e cientistas sociais o quadro geral avançado por Ariès em afirmar que há sensibilidades, experiências e atitudes em relação às crianças próprias da modernidade e que a infância não é livre de influência histórica. Por exemplo, há interferência própria das crenças, como a de que as crianças nasceriam puras e inocentes, consideração comum em várias religiões do judaísmo ao neoconfucionismo; ou mesmo o contrário: de que nasceriam impuras, fracas, ignorantes, pecadoras.
Outros estudiosos enfatizaram como a educação infantil medieval e moderna não era indiferente, negligente ou brutal. O historiador Stephen Wilson argumenta que, no contexto de pobreza pré-industrial e alta mortalidade infantil (com um terço ou mais dos bebês morrendo), as práticas reais de criação dos filhos representavam um comportamento apropriado nas circunstâncias. Ele aponta para o cuidado parental extensivo durante a doença e para o luto pela morte, sacrifícios dos pais para maximizar o bem-estar da criança e um amplo culto da infância na prática religiosa.